Acordeão e Concertina
O acordeão é mais conhecido em Portugal como ‘harmónio’. É maior
do que Adufe e Pandeiro O adufe é um
instrumento oriundo da região da Beira Baixa. É tradicionalmente
feito e tocado pelas mulheres: as adufeiras. É um instrumento
quadrangular que é feito a partir da pele dos animais da região. O facto
de
serem zonas ricas em pastorícia justifica de algum modo a
grande explosão de adufes saídos das mãos habilidosas das mulheres da
Beira Interior. Antigamente era vulgar as pessoas juntarem-se em casa
umas das outras ou no largo do pelourinho daquele lugar e tocarem adufe
ao despique. Os homens jogavam o "truque” (um jogo de cartas) e as
mulheres cantavam, dançavam e tocavam. O adufe também esteve desde
sempre ligado aos acontecimentos religiosos e às romarias, mesmo na
Quaresma quando os divertimentos eram “proibidos". O adufe era o
instrumento que acompanhava as melodias tristes, próprias da quadra. Em Trás-os-Montes e no Alentejo o adufe é
mais conhecido por pandeiro. Na província transmontana a sua decoração é
mais sóbria. Já no Alentejo, os pandeiros são enfeitados com cores mais
garridas. Em Trás-os-Montes eram igualmente tocados pelas mulheres por
ocasião dos “jogos de roda" e das “danças em paralelo”. Eram antigas
formas de convívio que ainda acontecem uma vez por |
Bandolim Tem a forma um pouco semelhante a uma
guitarra portuguesa, mas a sua caixa é mais estreita Caixa e Bombo Quem o vê passar pendurado ao
pescoço do instrumentista, não pode deixar de sentir uma espécie de
respeito, que vai aumentando á medida que ele levanta o (pau) para dar a
primeira pancada. Estamos a falar do Bombo que com o seu ar imponente
marca uma presença especial no “gaiteiro". Gaiteiro é precisamente o
nome atribuído ao grupo instrumental composto pelo bombo, pela caixa e
pela gaita-de-foles, sempre presente nas festas e romarias que vão desde
o norte à região de Pombal. Quando Em Trás-os-Montes, o gaiteiro é usual nas, "festas dos rapazes", que acontecem todos os anos no Natal. É acompanhado pelos ferrinhos. A caixa é igualmente da família dos tambores mas tem um tamanho mais reduzido. Nas festas do Espírito Santo nos Açores também vamos encontrar o tambor, os trinchos e os testos.
Castanholas Ao contrário da que muitos de nós podemos pensar,
castanholas não são apenas |
Cavaquinho É nas rusgas minhotas que vamos encontrar o cavaquinho em toda a sua popularidade. É um instrumento semelhante à viola mas de pequenas dimensões, e com um timbre agudo. Tem um carácter exclusivamente lúdico e profano e tanto pode aparecer sozinho para acompanhar o canto, como acompanhado pela viola, violão ferrinhos, tambor e reque-reque. Dizem os entendidos que é um instrumento que se adapta bem às vozes agudas das mulheres do Minho, bem como ao ritmo das ‘chulas', dos "viras', dos "malhões" e "canas verdes". A sua importância na região minhota é tal que ainda não há muitos anos, não havia casa rural em Guimarães que não tivesse um cavaquinho. No
entanto e apesar de ser aí que ele adquire maior expressão, não é só no
Minho que podemos Este instrumento popular cuja origem levanta muitas duvidasfoi levado também para o Brasil, Cabo-Verde e ... Havai, onde é conhecido por 'ukulele' que significa “salto da pulga”. |
CHINCALHO, RECLAMO E ZACLITRAC São três inst |
FLAUTAS São vários os tipos de flautas tocadas de norte a sul do país. Geralmente são feitas pelos pastores nas horas de pastoreio, vão aplicando a ponta da navalha em pedaços de cana ou pau e talhando bonitas flautas. É o caso das flautas feitas pelos boiadeiros na região de Trás-os-Montes, talhadas em pau de freixo ou em cana, secos. Hoje apesar dela não ser tão frequente ainda é possível encontrar alguns pastores que se dedicar a fazer este tipo de esculturas funcionais. É curioso notar que na região de Miranda existe uma maior preocupação estética com as flautas e com os restantes instrumentos. Uma das justificações para tal pode ser atribuída ao facto de não existir cultivo de azeite nem amêndoa, nesta região, sendo a pastorícia a grande atividade a que se dedica a população. Ora, isso deixa-lhes mais tempo livre para trabalharem os objectos. Mais para sul, na região da Beira baixa, ainda é possível encontrarmos quem faça e toque as tradicionais flautas de cana. A flauta de barro também podia ser encontrada em Trás-os-Montes e normalmente era a flauta em que aí se aprendia a tocar. A flauta transversal, ou fraita, como há quem lhe chame, é outro tipo de flauta que os A flauta de tamborileiro, deve o seu nome ao fado de ser tocada em conjunto com um tamboril pela mesma pessoa, o tamborileiro. Ainda é frequente encontrarmos este tipo de instrumento em Miranda do Douro, a acompanhar os Pauliteiros.
Gaita - de – Foles É
companheira de festa e de folia e nas suas digressões pelas ruas
das aldeias portuguesas, que vão do norte ao centro do país
tem quase sempre como companheiros o rufar da caixa e o estrondo
do bombo. O este conjunto de instrumentos dá-se precisamente o nome de
“gaiteiro”. Trás-os-Montes, Minho, Beira Litoral e Estremadura são as
províncias onde podemos encontrar as tradições da gaita-de-foles. É um
instrumento essencialmente popular e lúdico próprio para festas de
aldeias, cortejos, marchas, casamentos mas também cerimónias religiosas,
como procissões ou na época natalícia, a “missa no galo”. Era assim há
tempos atrás na região de Coimbra, Estremadura e Ribatejo, regiões onde
o instrumento foi esmorecendo ao longo do tempo. Mesmo
Genebres É colocado ao pescoço e tocado como um xilofone.
Apareceu a ser tocado pelos homens da aldeia de Lousa, perto de Castelo
Branco, no século XVII,
naquela que ficou para sempre conhecida como a ‘dança dos homens". Ninguém sabe a sua origem. Já se fizeram várias tentativas para fazer
replicas, usando vários tipos
Guitarra portuguesa
Emite sons que dão voz à alma e força aos sentimentos. É dedilhada por
grandes mestres e amada pelos orgulhosos da tradição. Chama-se guitarra.
Guitarra portuguesa. E é o mais precioso símbolo dos instrumentos
tradicionais RABECA É conhecida como rabeca chuleira e é em terras animadas do
Minho, que o seu som é particularmente apreciado. É muito parecida com o violino mas tem uma escala mais aguda e o braço bastante mais curto. É
afinada uma oitava acima daquele e dizem os que sabem tocar que não é REQUE-REQUE O som do reque-reque chega-nos das terras
do Minho. É um instrumento que antigamenteos homens faziam facilmente:
pegavam numa tábua ou cana e faziam-lhes uns dentes (cortes) e friccionavam-nos,
Este é um instrumento que pode ser integrado na categoria
dos membranofones, isto é, instrumentos feitos a partir da pele dos
animais. É o caso da 'zamburra’ que é como ela é mais conhecida em
Em Trás-os-Montes, por exemplo, ela era utilizada como acompanhamento do violão, da rabeca e da guitarra nos encontros de taberna. Na Beira Baixa, a ‘zamburra’ já deixou de ser tocada, mas antigamente era utilizada num cerimonial muito peculiar. Durante a Quaresma, as gentes da aldeiaiam com ela a casa das pessoas idosas, cantar e tocar numa cerimónia a que se dava o nome de 'serração da velha’. Este instrumento era ainda utilizado noutras circunstâncias como nas batidas aos lobos feitas pelos caçadores e pastores.
SANFONA Decerto já todos ouvimos algum comentário
menos favorável a respeito da sanfona. Começoupor ser Uma vez que o “organistrum" tinha um carácter essencialmente monástico, a sanfona veio permitir uma laicização daquele instrumento e passou a ser tocada apenas por uma pessoa, o que não é nada fácil. Começou por ser tocada por príncipes, trovadores e jograis, mas com o tempo, foi passando de mãos para mãos e no século XIX, já era vulgar nas mãos dos cegos e dos mendigos, que a utilizavam para andar a pedir de porta em porta. E assim, aquele que começou por ser um instrumento cuidadosamente tocado, deixou de o ser. Passou a estar desacreditada e foi essa a memória que ficou para a posteridade. Hoje, já nem nas mãos dos mendigos a encontramos, porque pura e simplesmente passou á extinção. Ainda é possível ver um exemplar no Museu Verdades de Faria e outro na fundação Calouste Gulbenkian, mas que já praticamente quase ninguém arrisca a tocar. É que fazê-lo implicadar à manivela, com a mão direita, que acciona as cordas e com a mão esquerda dedilhar as teclas. Não é tarefa fácil.
VIOLA AMARANTINA OU DOS CORAÇÕES O seu berço situa-se na bonita cidade de Amarante. Pelo menos, assim
nos faz crer o nome com que foi batizada. Ho Hoje já praticamente, não há quem faça este instrumento tradicional que exige muita paciênciapor parte de quem a trabalha e para o qual são necessários vários tipos de madeira: pinho, flandre para o tampo, nogueira para as costas e ilhargas, cerejeira para o braço e pau-preto ou pau-santo para a escala. As gentes de Amarante também guardam na sua tradição a viola chuleira. É muito parecida com a viola amarantina, da qual divergeapenas na escala. É típica do lugar de S. Simão nas redondezas de Amarante e, tal como o próprio nome indica, é tocada nas chuladas.
VIOLA BEIROA Na São estas danças que todos os anos em Maio são encenadas e revividas pelas raparigas e rapazes da aldeia. Na dança dos homens, existem cinco homens que tocam a viola Beiroa, ou ‘bandurra’, como também é conhecida naquelas paragens. Originais, existem cerca de seis que atualmente lá estão dispersas por vários locais. A sua origem permanece na obscuridade mas há quem lhe atribua afinidades aos árabes. Apesar do autor das originais permanecer no segredo dos deuses, há quem lhe tente decifrar os segredos de manufatura ao fazer cópias das antigas ou ao tentar recupera-las. Mas não é só nesta aldeia que a viola beiroa tem uma longa tradição. Em toda a região de Castelo Branco é possível encontrar referências a esta viola. Ao contrario do que acontece em Lousa onde ela aparece ligada a tradições cerimoniais. A viola beiroa surgiu, na maior parte das vezes, como um instrumento utilizado em festas lúdicas do tipo serenatas ou parabéns aos noivos, normalmente acompanhada pelo adufe ou pela concertina. De todas, esta viola portuguesa, que se encontra seriamente ameaçada pela extinção, é a que apresenta mais ornamentos. Tem uma “cintura” estreita, a boca sempre redonda e pequena e, muitas vezes, as cravelhas recortadas ao pormenor pelas mãos dos pastores.
VIOLA BRAGUESA É na região norte de Portugal onde o povo
é esfuziante por natureza e não tem receio de sair à rua para
festejar, que vamos encontrar algumas belas versões das violas populares
portuguesas. Ao contrário das violas Existe mais do que um modelo de viola braguesa mas a mais característica tem a abertura central em 'boca de raia'. As outras dizem respeito a modelos mais antigos e apresentam bocas redondas ou ovais deitadas. Comuns a todas elas são as cinco cordas duplas. As suas medidas não são rigorosas no entanto existem duas medidas que se vulgarizaram: a de tamanho normal, que acompanha normalmente com o cavaquinho e a de tamanho mais pequeno a que se dá o nome de 'requinta’ e que é indicada para tocar sozinha ou a acompanhar o canto. O nome de origem remete-nos para Braga mas não se sabe ao certo quando terá sido o seu nascimento. Sabe-se no entanto que a no século XVII existia um artesanato violeiro em Guimarães e Braga. Segundo diz Ernesto Veiga de Oliveira no seu livro "Instrumentos Musicais Populares Portugueses” e referindo-se a Guimarães, já em 1632 os violeiros eram “obrigados a acompanhar as procissões que se organizavam na então vila, e em especial a do Corpo de Deus, sob pena de multa”. O Porto acabou por ser também um centro onde se foram radicando os violeiros. Bastava chegar ao bairro da Sé para os apreciar a trabalhar. Barcelos e Viana do Castelo são localidades onde este tipo de artesanato também chegou. Hoje, os artífices desta obra encontram-se sobretudo na região do Porto e de Braga.
VIOLA CAMPANIÇA Já foi a menina
dos olhos bonitos do povo alentejano, agora o seu destino parece
condenado à extinção, pois são apenas dois os ‘mestres' que d . VIOLA DA TERRA “Viola da terra” ou 'viola de arame', são os nomes que se dão ao
mais popular instrumento dos Açores. A viola é um instrumento de
grande rusticidade que pertence á mais antiga tradição musical do
arquipélago e a sua importância tal que até há pouco tempo, como relata
Ernesto Veiga de Oliveira, no livro No arquipélago, a tradição da viola está ligada aos cantares festivos as “modas" e "balhos”, desgarradas, desafios e despiques, serões animados, matanças do porco, desfolhadas e outros trabalhos coletivos. A decoração é uma das marcas significativas desta viola. Os embutidos com motivos florais em torno da boca em madeira de várias cores e osso de baleia e as incrustações em madrepérola no braço, demonstram uma significativa preocupação pela estética.
VIOLA TOEIRA Chegamos à região de Coimbra e é com pesar que lamentamos a extinção da
Viola Toeira que teve os seus momentos áureo |
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Manel Grilo